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Em Pauta: Combate ao Racismo

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A Costa da Mina

28 de setembro de 2016

Na primeira metade do século XV os europeus portugueses realizaram as primeiras expedições de exploração na costa atlântica do continente africano a partir da ocupação de Ceuta em 1415. Essas expedições financiadas pelos reis cristãos associados a mercadores tinham o principal objetivo de chegar às minas de ouro que era comercializado pelos povos tuaregues e berberes do norte da África. Além disso, buscavam um caminho para as Índias que permitissem quebrar o controle dos comerciantes italianos sobre o mar Mediterrâneo. As mercadorias que chegavam do Oriente, como tecidos e especiarias, eram as mais lucrativas, e o ouro, que Portugal não tinha, era fundamental nessas trocas.

No entanto, cabe ressaltar que a idéia de um reino fundado no cristianismo fazia com que os governantes portugueses assumissem a missão de converter ao catolicismo os povos considerados pagãos, isto é, que não reconheciam a religião católica. A expansão das fronteiras portuguesas a partir da conquista dos mares e o domínio e a exploração da costa africana e americana ia sendo justificada com o domínio sobre os povos e as terras por estarem levando a eles a palavra de Deus e a possibilidade de salvação das almas. Além de lucrar com o comércio, Portugal se fortalecia diante da Igreja e diante de Deus.

O cristianismo legitimou o poder europeu na exploração da costa africana e no caso da África e do Brasil, o de Portugal, na medida em que os portugueses aportavam na costa atlântica africana, negociavam com as populações locais e seqüestravam as pessoas que chegavam às praias, levando-as aos seus navios para serem vendidas como escravas. Tal ato era justificado pelo fato de que os africanos eram considerados como povos infiéis, ou seja, seguidores de Maomé, considerados inimigos e, portanto, podiam ser escravizados. Já os povos não islamizados, não eram inimigos mas, considerados como pagãos ou ignorantes da leis de Deus, que  também podiam ser escravizados, e se convertessem ao cristianismo podiam ter a chance de salvar suas almas na outra vida.

E assim deu-se o inicio da colonização, com a ocupação dos  territórios das ilhas desabitadas como Cabo Verde e São Tomé, cuja população foi constituída basicamente por africanos, de procedências diversas e subordinados aos portugueses e mestiços que nelas nasciam,   diferentemente das ilhas de Açores e Madeira, ocupadas anteriormente por imigrantes portugueses que para lá migraram e introduziram a plantação da cana de açúcar.

No fim do século XV, já havia plantações de cana e engenhos de açúcar nessas ilhas e, assim como Luanda, foram estabelecidos aí quartéis-generais, pontos estratégicos, de onde os portugueses atuaram no comércio de escravos com as sociedades africanas.

Nessa região, com plantas importadas como a cana sacarina trazida da Índia e adaptada nas ilhas dos Açores e Madeira e com as tecnologias adaptadas ao novo meio-ambiente, os empresários portugueses elaboram o modelo de produção econômica do engenho produtor de açúcar, que foi a base da exploração colonial a partir do século XVI. Os portugueses foram os pioneiros na exploração da costa atlântica africana, seguidos depois por ingleses, franceses, holandeses, como também na montagem de um sistema de produção de açúcar, baseado no trabalho escravo que se espalhou por toda a América.

Os homens e mulheres africanos transplantados para o Brasil na condição de escravos vieram, sobretudo, de duas regiões do continente africano: a costa da Mina e a costa de Angola, foram as regiões que mais se envolveram no tráfico transatlântico de escravos, ambas comerciando seres humanos capturados inicialmente na costa litorânea e, posteriormente no interior do continente.

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