Quando uma economia está crescendo no ritmo do seu pleno potencial, qualquer gasto adicional, público ou privado, poderá provocar inflação. É simples: se a produção não pode ser ampliada porque já está no seu limite máximo, novas demandas provocarão elevação de preços. Este não é o caso brasileiro. Nossa economia tem crescido a taxas modestas desde 2011. O gasto público brasileiro não provoca inflação. Pelo contrário, impede a economia de desacelerar ainda mais.
Nossa inflação não vem do excesso de compras, mas sim de problemas na produção. O nosso maior problema tem sido na produção e na comercialização de alimentos. Problemas climáticos quebram safras e atravessadores obtêm lucros extraordinários. Além disso, alguns alimentos são cotados no mercado internacional que está sujeito a volatilidades e voracidades especulativas. O gráfico mostra que as variações dos preços dos alimentos são muito semelhantes aos movimentos da inflação. Em outras palavras, grande parte da nossa inflação é explicada pela elevação (ou queda) dos preços dos alimentos – e não pela variação do gasto público.
Por João Sicsú & Ernesto Salles
*Este conteúdo integra a série Em Pauta Inflação, que será atualizada ao longo das próximas semanas.
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