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Em Pauta Conjuntura: JBS delata Temer, Aécio e compra do silêncio de Cunha

24 de maio de 2017

 

Donos da JBS, os empresários Joesley Batista e seu irmão Wesley fizeram, ontem (17/05), uma denúncia explosiva. Os empresários gravaram, em março deste ano, o presidente Michel Temer dando aval para comprar o silêncio do deputado cassado e ex-presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB), preso na operação Lava Jato.

Na gravação, Joesley Batista disse a Temer que estava dando a Eduardo Cunha e ao operador Lúcio Funaro uma mesada para que permanecessem calados na prisão. Diante dessa informação, Temer disse: “tem que manter isso, viu?”. Em outra gravação, também de março, Temer indicou o deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB) para “resolver assuntos” da J&F, uma holding que controla a JBS. Posteriormente, Rocha foi filmado recebendo uma mala com R$ 500 mil, enviados por Joesley.

Os irmãos Joesley e Wesley Batista estiveram na quarta-feira passada (10/05) no Supremo Tribunal Federal (STF), no gabinete do ministro relator da Lava Jato, Edson Fachin – responsável por homologar a delação dos empresários. Diante dele, os empresários teriam confirmado que tudo o que contaram à Procuradoria Geral da República em abril foi de livre e espontânea vontade.

Na delação de Joesley, também apareceu o senador Aécio Neves, presidente do PSDB, que foi gravado pedindo ao empresário R$ 2 milhões, sob a justificativa de que precisava da quantia para pagar despesas com sua defesa na Lava Jato. O dinheiro foi entregue a Frederico Pacheco de Medeiros – primo de Aécio que foi diretor da Cemig e coordenador de logística de sua campanha a presidente em 2014 –, em cena filmada pela Polícia Federal. Quem levou o dinheiro a Fred foi o diretor de Relações Institucionais da JBS, Ricardo Saud, um dos sete delatores. Foram quatro entregas de R$ 500 mil cada uma. A PF rastreou o dinheiro e descobriu que ele foi depositado numa empresa do senador Zezé Perrella (PSDB).

O aspecto mais assustador das gravações foi uma fala de Aécio, fazendo uma exigência sobre a pessoa recebedora da propina: “Tem que ser um que a gente mate antes de fazer delação”. Aécio disse: “Vai ser o Fred, com um cara seu [Joesley]. Vamos combinar o Fred com um cara seu porque ele sai de lá e vai no cara. E você vai me dar uma ajuda do caralho”.

As denúncias repercutiram no Congresso Nacional. Na Câmara dos Deputados, a segunda sessão extraordinária do dia foi encerrada pelo presidente da Casa, Rodrigo Maia. Logo que as notícias foram veiculadas pela internet, parlamentares foram à tribuna do plenário para comentar o episódio. Alessandro Molon (Rede) protocolou na secretaria-geral da Mesa um pedido de impeachment de Temer por crime de responsabilidade. Já o deputado Esperidião Amin (PP), que é relator da admissibilidade da PEC 227/16, que permite eleições diretas para a presidência da República, apresentou pedido de urgência para que o projeto possa ser votado no colegiado. No Senado, Lindbergh Farias (PT) disse que os senadores da oposição se reuniriam para formular um pedido de impeachment do presidente Michel Temer.

Por volta das 21h30 o Palácio do Planalto divulgou nota oficial, afirmando que o presidente “jamais solicitou” pagamentos para obter o silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha. O documento destacou, ainda, que Temer “não participou nem autorizou qualquer movimento com o objetivo de evitar delação ou colaboração com a Justiça pelo ex-parlamentar. Apesar das declarações, o presidente confirmou, neste comunicado, que recebeu Joesley Batista em março passado, no Palácio do Jaburu.

Michel Temer permaneceu dentro do Palácio do Planalto reunido com vários ministros da sua equipe, líderes da base aliada, deputados e senadores e até alguns governadores para discutir a melhor saída da crise política até por volta das 22h30.

Após a divulgação das gravações, a Esplanada dos Ministérios e a praça em frente ao Palácio do Planalto ficou repleta de pessoas. A princípio, começaram a transitar pela Esplanada dos Ministérios buzinando e gritando em frente ao Palácio do Planalto. Depois, estacionaram e passaram a caminhar até a Praça dos Três Poderes. Mesmo por volta das 23h30, muitos ainda estavam chegando.

Cerca de 300 pessoas estavam reunidas no vão do Masp, na avenida Paulista, em São Paulo, no início da noite de ontem, quando começou a circular a notícia das denúncias. A Frente Povo Sem Medo realizava um debate público, como preparação​ para o ato de Brasília do dia 24 de maio, contra as reformas trabalhista e da Previdência de Temer, e na perspectiva de discutir os próximos passos de mobilização. A notícia interrompeu o debate. Boulos convocou os presentes para um ato de protesto. “Vamos tomar as ruas deste país. Fizeram isso por muito menos no ano passado e tomaram a avenida Paulista”, disse, referindo-se ao movimento pelo impeachment de Dilma Rousseff. “Agora sim tem motivo, é tomar as ruas e exigir ‘Fora, Temer! e Diretas Já'”.

Às 22h10 a Paulista foi fechada no sentido Consolação e começou o ato. “Temer vai cair pelas mãos do povo, ‘Diretas Já!’”, gritavam os manifestantes. Do outro lado da avenida, muitos carros passavam buzinando e os ocupantes gritando “Fora, Temer!”.

Hoje cedo, agentes da Polícia Federal cumpriram mandados de busca e apreensão nos gabinetes dos senadores Aécio Neves, Zezé Perrela e do deputado Rocha Loures (PMDB). Outra operação foi realizada por agentes da PF e do Ministério Público Federal nas casas de Aécio, da sua irmã, Andréa Neves e de Perrela, com autorização do STF.

Nesta madrugada, Aécio foi afastado do cargo de senador pelo STF e pode ser preso nos próximos dias. Ele teve sua prisão solicitada pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot. O ministro Edson Fachin levou a decisão ao plenário do Supremo. Andréa Neves, foi presa em Nova Lima, região metropolitana de Belo Horizonte (MG) hoje de manhã.

A realização de eleições diretas, como meio de reconstituir a ordem democrática e tirar o país da paralisia, há tempos vem sendo a bandeira das organizações populares. As frentes Brasil Popular e Povo sem Medo estão convocando manifestações em todo o país a partir de hoje (18/05), em várias capitais, e para domingo (21), em São Paulo. “É um momento de cautela, mas ao mesmo tempo de resistência e de retomada das ruas de todo o país. O momento é ir para a rua e pedir Diretas Já”, disse João Paulo Rodrigues, da direção nacional do MST, que integra a Frente Brasil Popular.

Até o momento, a agenda de atos é a seguinte:

Hoje: Rio Grande do Sul (17h, Esquina Democrática); Santa Catarina (17h, TICEN; 16h, Praça Nereu Ramos, Criciúma); Paraná (18h30, Santos Andrade); Rio de Janeiro (17h, Candelária); Espírito Santo (18h, ALES); Minas Gerais (17h, Praça Sete, BH; 17h Praça das Pilastras, Viçosa; 16h Praça do Forum, Uberlândia); Paraíba (15h, Lyceu Paraibano); Alagoas (Plenária, 10h, Urbanitários); Rio Grande do Norte (15h, Praça do Pax em Mossoró); Ceará (10h, Plenária FBP, – CUT-CE); Piauí (17h, Praça da Liberdade); Pará (17h, Mercado de São Brás) e Distrito Federal (8h, Plenária Frente Brasil Popular, CUT-DF); Goiás (18h, Praça do Bandeirante);

Sexta-feira (19): estão confirmadas ações no Rio Grande do Norte (18h, Midway) e na Bahia (15h, Campo Grande);

Domingo (21): São Paulo (15h, MASP).

 

Confira outros destaques:

1. Diretas já ou desobediência civil

Diante da implosão do governo Temer, é preciso eleições diretas já. A gravação da conversa em que o usurpador Michel Temer compra o silêncio do comparsa de golpe e sócio de corrupção, o presidiário Eduardo Cunha, enterra em definitivo a cleptocracia golpista, e abre uma perturbadora incógnita na conjuntura nacional. O acontecimento é uma evidência incontestável da degradação do sistema judiciário brasileiro, que levou o país ao nocaute atacando seletivamente os petistas, ao mesmo tempo em que permitiu o assalto ao Poder por uma bandidagem política. Este escândalo, que erode os pilares do golpe – a camarilha de Temer e o PSDB – não somente encerra o governo golpista, mas põe fim à empreitada golpista, ao regime de exceção, e obriga à imediata suspensão das reformas antinacionais e antipopulares que tramitam no Congresso ilegítimo. Qualquer decisão que não seja a pronta restauração do Estado de Direito e da democracia no Brasil deverá ser respondida com a desobediência civil aberta, com a radicalização da luta democrática e com o desconhecimento de qualquer saída que não seja a de convocação de eleições diretas imediatamente. Leia mais aqui.

2. Lula vence na Justiça e reabre seu Instituto

Alvo da maior perseguição judicial da história do País, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva obteve uma importante vitória na terça-feira (16/05). Por meio de uma liminar do desembargador Neviton Guedes, Lula foi autorizado a reabrir o Instituto Lula, que havia sido fechado por determinação do juiz substituto Ricardo Leite, na véspera de seu depoimento ao juiz Sergio Moro, sem mesmo que a medida tivesse sido pedida pelo Ministério Público. “A medida restabelece o Estado de Direito”, comemorou, em vídeo, o advogado Cristiano Zanin Martins, que lembrou, ainda, dos importantes serviços prestados pelo Instituto. Leia mais aqui.

3. O Mito da “Petrobras quebrada”

No primeiro artigo da série que pretende esclarecer a opinião pública sobre a real situação da Petrobras, o presidente da AEPET, Felipe Coutinho, e o economista Cláudio Oliveira demonstram o indisfarçável interesse do governo, da atual diretoria da empresa e da mídia hegemônica em se apropriar de problemas conjunturais para vender a ideia de que a Companhia estaria “quebrada”. Exemplos dessa manipulação são o uso da dívida da empresa, turbinada pela alta do dólar e já beneficiada pela recente queda na cotação, e a crítica ao nível de investimentos necessários para viabilizar a transformação das riquezas do pré-sal em lucro para a Petrobras e desenvolvimento socioeconômico para o Brasil. Leia mais aqui.

4. Centrais e movimentos populares planejam “ocupar” Brasília contra reformas

As centrais sindicais estão organizando uma série de ações contra as reformas trabalhista e da Previdência de Michel Temer (PMDB). No dia 24 de maio, os atos se concentram no Distrito Federal, com a convocação do Ocupa Brasília. Na data, as entidades planejam, entre outras atividades, a realização de uma marcha e um ato político. As frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo também organizam o evento. A expectativa é reunir 100 mil pessoas na capital federal. Sindicatos, regionais filiadas às centrais e comitês estaduais das frentes já estão organizando caravanas ao local. Segundo os organizadores, as mobilizações dão continuidade à Greve Geral, realizada no dia 28 de abril, e à Jornada de Lutas em Defesa da Democracia em Curitiba (PR), na última quarta-feira (10). Leia mais aqui.

5. E-mails da OAS usados como prova não tratam Lula como dono do triplex

Os e-mails da OAS que Léo Pinheiro entregou à Lava Jato para atestar seu depoimento contra Lula ao juiz Sergio Moro não tratam o ex-presidente como dono do apartamento 164 do Condomínio Solaris, que ficou conhecido como “triplex” no Guarujá (SP). Pinheiro anexou à ação penal duas mensagens trocadas entre funcionários da OAS Empreendimentos, sobre a mesma conversa. Eles queriam saber qual era a unidade da obra no Guarujá que merecia “atenção especial”. Em nenhum momento, trataram Lula como destinatário final. Leia mais aqui.

Além disso, no despacho em que o juiz Sérgio Moro negou, na madrugada de segunda-feira (15/05), pedidos feitos pelos advogados de defesa de Lula e pelo Ministério Público Federal para que se incluíssem depoimentos de novas testemunhas e ainda novos documentos na ação, ele acabou reconhecendo que o imóvel é formalmente da OAS e está registrado na relação de bens da empreiteira. “A ver do juízo, já está bem demonstrado pela Defesa que o referido apartamento foi incluído, em março de 2016, entre os bens de titularidade da OAS na recuperação judicial. Tem o juízo o fato como provado”, escreveu Moro no despacho de 11 páginas. Leia mais aqui.

6. Versão de Mônica não bate nem com a do marido

Um vídeo preparado pelo internauta Paulo de Andrade comprova a fragilidade do depoimento de Mônica Moura, que disse em sua delação premiada que seu marido, o publicitário João Santana, foi alertado diretamente pela presidente deposta Dilma Rousseff sobre a iminente prisão do casal pela Lava Jato e que quem a avisou foi o então ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo. “Fomos avisados que foi visto um mandado de prisão assinado em cima da mesa de alguém na Polícia Federal”, disse ela. O problema é que João Santana, em sua delação, contradisse o depoimento de Mônica. “Nunca veio um alerta seja de quem fosse, de alguém do governo, dizendo ‘olha, saiu o decreto’. Nós soubemos pela notícia”, relatou Santana, em referência à imprensa. Leia mais aqui.

7. A estranha mudança da Zelotes: esquece sonegadores e mira em Lula

Lula foi presidente do Brasil por oito anos. Um judiciário ensandecido pela luta política pode pegar qualquer medida provisória assinada por ele e transformar num processo penal. É isso que acontece na Zelotes, operação que investigava a sonegação bilionária de grandes empresas brasileiras. Por um tempo, acreditamos que ela poderia ser a ponta-de-lança de uma grande ofensiva do Estado contra os grandes sonegadores. Não foi o que ocorreu. Ao invés disso, ela foi transformada em mais uma operação de caça ao Lula. É um caso extraordinário da aliança espúria entre mídia e judiciário. A imprensa muda a sua descrição de um dia para o outro, sempre apostando no poder demolidor do esquecimento. O indiciamento, agora, está focado na medida provisória 471, algo totalmente irreal, já que a MP foi relatada pela oposição e beneficiou, principalmente, estados tucanos. Mas nada vem ao caso quando se trata de criar factoides políticos contra Lula. Leia mais aqui. Leia mais aqui.

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