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Em Pauta: A Questão Indígena no Brasil

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Capítulo 5 – Experiência de discriminação devido a raça, cor ou etnia

02 de abril de 2013

A maioria da população brasileira nunca se sentiu discriminada devido à sua cor ou etnia (89%), 11% afirmam que já foram discriminados, mas a cerca de metade deles dizem que isso só aconteceu uma ou duas vezes na vida (5%) e 4% que isso costuma acontecer de vez em quando.

Os negros são os que mais se sentiram discriminados (30%), seguidos pelos indígenas (18%). Em ambos os casos a freqüência de vez em quando é a mais mencionada (12% entre os negros e 11% entre os indígenas).

A maior parte dos entrevistados negros que já se sentiram discriminados relatam que a discriminação que sofreram foi verbal (60%) e principalmente associada à cor da pele (28%), com adjetivos considerados pejorativos como “crioulo, tição, macaco, etc” ou piadas e expressões que desqualificam o negro (23%). Estes casos foram mais citados na região Nordeste (45%) e nas cidades da região metropolitana (39%) e as de pequeno porte (41%).

Outras formas de discriminação verbal sentidas pelos negros, dizem respeito à suas condições subalternas de trabalho (3%), à falta de caráter ou honestidade; à sua condição social; ou mesmo à exclusão da família (2% de menções para cada caso).

Já entre os brancos, somente 10% foram discriminados verbalmente e devido à cor da pele (9%), também com adjetivos pejorativos como “branquela, rato branco, macarrão, branca azeda, alemão, etc”. Estes relatos foram principalmente mencionados na região Sul (23%) e municípios de médio porte (20%).

Outras formas de discriminação verbal sentidas pelos brancos, sem referência direta à cor da pele, dizem respeito ao local de origem ou de imigração (3%); a condição social (3%) e ao impedimento de acesso à determinadas locais ou à sua capacidade e inteligência (1%, ambos).

Os indígenas que foram discriminados (2%), relatam terem sido chamados de índios pejorativamente (2%).

Além da discriminação verbal, cerca de um terço dos entrevistados (35%) disseram ter sofrido outros tipos de comportamento discriminatório, tais como olhar de estranhamento ou aversão (11%), como olhares de cara feia, desconfiança ou “diferente/ estranho” (8%), o que ocorre principalmente na Região Centro Oeste (18%) e em municípios onde existem territórios indígenas (19%) ou nas capitais (17%) ; discriminações relacionadas ao mercado de trabalho (9%) tais como a recusa ou substituição em alguma vaga de emprego (7%), discriminação que ocorre principalmente Na região Norte (18%) e também em município próximos a TIs (17%) e capitais (17%); discriminações relacionadas ao ambiente de estudo ou educação (3%), como a discriminação pelo ingresso por cotas (1%), mais declarada também na região Norte (11%) e nas cidades de grande porte (8%); comportamento discriminatório relacionado à desconfiança quanto à sua honestidade (3%), como perseguição por seguranças em lojas ou um maior cuidado de determinadas pessoas com a bolsa (1%, ambos), mais característico da região Centro Oeste ou Sul (12% e 8%, respectivamente); a recusa ao contato físico (3%) como, por exemplo, o uso de máscaras por médicos, quando outros pacientes eram atendidos sem (1%); discriminação em locais de lazer (2%), com recusa de acesso a determinados lugares (1%); discriminações relacionadas à condição social (2%) e mesmo a recusa a contato verbal (1%).

A maior parte dos relatos de discriminação teve como principais agentes alunos ou colegas de turma (16%), ainda que o relato não tenha relação direta ao ambiente escolar. A discriminação proveniente de desconhecidos é declarada por 14% dos que já se sentiram discriminados e 11% ressaltaram que partiu de negros ou vizinhança negra. Atendentes do comércio e empregadores, chefes ou patrões foram responsáveis por 10% dos casos, cada.

A identificação da atitude discriminatória a amigos ou vizinhos brancos e à crianças brancas foi apontada por 8% e 7%, respectivamente), esta mesma taxa (7%) disse ter sofrido discriminação dentro da própria família.

A discriminação em ambiente escolar é bastante evidenciada na região Centro Oeste (42%), nas cidades de pequeno porte (25%) e recai, sobretudo, sobre os entrevistados de descendência indígena (38%). Discriminações provenientes de desconhecidos são mais freqüentes na região Norte (26%) e em municípios de médio porte (19%); os que mais identificam o agente discriminador a negros são os de raça/ cor branca (28%), enquanto os negros observam mais este tipo de atitude proveniente de funcionários do comércio (16%). Empregadores, chefes ou patrões ocorrem mais na região Norte (18%), em municípios onde existem territórios indígenas (22%) e são reclamadas principalmente pelos indígenas (20%).

A escola é o local onde mais ocorre discriminação, apontado por 19% dos que a sentiram, seguido por ambiente de trabalho (16%), citações à localidades específicas como menção a cidades ou países (15%) e em estabelecimentos comerciais (14%).

A discriminação escolar acontece principalmente na região Centro-Oeste (37%), em cidades do interior (24%), de pequeno e médio porte (28% e 26%, na ordem) e recai sobretudo sobre os indígenas (38%). O mercado de trabalho discrimina principalmente nas cidades em que existem territórios indígenas ou nas capitais (26% e 24%, respectivamente) e tem também como principais vítimas os indígenas (32%); enquanto os estabelecimentos comerciais discriminam mais os negros (20%).

A discriminação devido à raça ou cor de pele não é um fenômeno que venha diminuindo com o passar do tempo, nem tão pouco é novo: 21% declara ter sido vítima no último ano e 26%, entre 1 e 5 anos; um quarto dos que já foram discriminados afirmam que sofreu discriminação há mais de 10 anos.

As manifestações mais recentes de discriminação ocorreram na região Sul (27% no último ano) e nas cidades de pequeno porte (28%). Os casos de discriminação contra os indígenas ocorreram principalmente entre 1 e 5 anos (38%), período em que também houve maior incidência de discriminação em municípios próximos a terras indígenas (33%).

Faça o download do capítulo 5.



















Fonte: Portal FPA

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